sábado, 23 de fevereiro de 2013

Boulder - força do pensamento ou destino?

Em novembro de 2010, assisti a um Globo Repórter sobre Boulder, uma cidadezinha do estado do Colorado, nos Estados Unidos, reconhecida como a mais saudável e feliz do país.

Boulder e as montanhas rochosas ao fundo
Na matéria, o repórter Flávio Fachel falava da qualidade de vida, da longevidade dos moradores e enfatizava o fato de que, lá, todo mundo era magro, só comia verduras, legumes e frutas. Nada de muitas calorias, nada de guloseimas! E todos pedalavam para o trabalho, faziam trilhas e sempre terminavam o dia caminhando ao pé das Montanhas Rochosas, que emolduram o horizonte da cidade. E o melhor: todos eram felizes! Segundo o repórter, lá, as pessoas não convidam os amigos para um jantar, um almoço. O convite é, sempre, para uma caminhada, para correr, pedalar ou esquiar, nas estações de Vail e Aspen, que ficam muito perto. 

ciclovias de Boulder
Confesso que eu, particularmente, não ficaria muito feliz só comendo folha e outras coisas "muito saudáveis". Tudo demais é veneno, já dizia a minha avó - até as coisas saudáveis. Nem tanto ao mar, nem tanto à terra. E acho que ela estava certa. Que mal faz um bombom? Minha vida seria muito sem graça sem um chocolate ou uma sobremesa dessas que a minha amiga Elisângela Nascimento posta na sua página do Facebook. Mas, o programa foi tão bom que me deu vontade de conhecer a cidade. Lembro de que essa vontade foi crescendo a cada bloco e, quando o programa terminou, eu estava convencida e decidida a ir até lá. E falei para o vento, com força e bem explicado: eu vou a Boulder!

O tempo passou e, no início de 2011, minha enteada começou a falar em ir para Nova Iorque, fazer um estágio na ONU, que seria objeto do seu trabalho de conclusão do curso de Jornalismo. E eu, claro, me ofereci para ir com ela – passaria uma semana por lá e, depois, passaria por Denver, para ver meus dois queridos amigos Max e Denise, e a linda Erica, que ainda não tinha 1 ano. E assim fiz. Em maio, depois de 5 dias em NY com Bruna, embarquei para Denver.

meus amigos Erica, Denise e Max
Depois de tanto tempo sem vê-los, estava ansiosa para estar com eles. Max e Denise haviam se mudado de Brasília para Denver há uns 4 anos, já tinham comprado uma casa linda, enorme, e já tinham uma filha! Sim, e dois gatos, não posso esquecer! Eu queria muito conversar, por o papo em dia e, principalmente, conhecer Erica. Esses eram os motivos da minha viagem até lá. Mas, claro, eles me levaram para conhecer a cidade e para o final de semana, uma programação especial: um passeio até... Boulder!!! Ê destino...Ê força do pensamento...! Boulder fica a uns 40 km de Denver, em menos de uma hora, chega-se lá. Max e Denise são apaixonados pela cidade e queriam me mostrar o lugar aonde eles vão morar quando se aposentarem.
                                           
Denver - centro da cidade
Civic Center Cultural Complex


cidade tranquila


trânsito civilizado
obras de arte de artistas contemporâneos
No sábado, acordamos cedo e pegamos a - linda - estrada para Boulder. Quase chegando, paramos numa galeria que vendia produtos de artesanato e decoração. Eram umas cinco lojas lindas, coloridas, dessas que a gente consegue passar horas perambulando, observando. Comprei um gato de louça, colorido, que eu espero, ainda esteja inteiro na minha bagagem. Lá pelas 11 horas, estávamos em meio à linda feira de orgânicos da cidade. Grande, com tudo que se possa imaginar. No horizonte, as majestosas Montanhas Rochosas. 


as ruas de Boulder
a população aproveita bem as áreas verdes da cidade
uma das muitas ruas floridas de Boulder
Essa onda verde e natural começou em Boulder, em 1960, com os hippies. Eles chegaram lá em busca de uma vida tranquila e saudável e, para sobreviver, montaram um pequeno negócio: uma fábrica de chá - mais natural impossível! E o negócio prosperou, cresceu, ganhou o mundo. Hoje, todos conhecem o Celestial Seasonings, que chega a ser um ponto turístico na cidade. É possível visitar a fábrica e o museu, com fotos da época, documentos e utensílios antigos. Mas, o apelo, mesmo, fica por conta da loja. Linda, delicada, colorida... tudo tão bonito que Erica não resistiu e puxou, de uma das prateleiras, um conjunto para chá, com desenhos de Beatrix Potter (a do filme "Miss Potter"). Muito bom gosto dessa menina, viu?! Em um segundo, xícaras, pires  e pratos se espatifaram no chão. Não sobrou nada.


o chá famoso
fábrica, museu e loja - tudo num só lugar
Depois da feira, da fábrica e percorrer a cidade, almoçamos num lindo restaurante. Como já tinha tido minha quota de natureza naquele dia, pedi carne. E no final, uma sobremesa, claro! 
Um ps: eu adorei Boulder, adorei o passeio. Vale a pena conhecer a cidade! Só não posso garantir a luxuosa companhia dos meus amigos Max, Denise e Erica, que conheciam tudo e foram perfeitos anfitriões. 

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Em Nova Iorque, com Kátia Zero

Em uma das vezes que fui a Nova Iorque, cidade que eu adoro e que eu considero muito facinha de gostar, estava acompanhada da minha irmã, Cristiane, e de meus amigos, Wilson Goes, Salário e André Barros. Na verdade, nossa viagem era para a NAB, feira de equipamentos eletrônicos, que acontece todos os anos em Las Vegas. De Las Vegas, iríamos até San Francisco, já que estávamos tão perto. Mas, o voo tinha uma conexão em Nova Iorque e resolvemos passar uns dias por lá, também.

Meus parceiros de viagem: minha irmã Cristiane, André, Wilson e Salário - Nab 2000
Tão importante quanto a minha mala, era o meu guia de viagem para Nova Iorque, escrito por Kátia Zero – jornalista brasileira que vive por lá há mais de 30 anos e que escreveu um guia que eu recomendo - bem humorado e recheado de histórias de ruas, bairros e prédios, além de mostrar mapas, passagens pitorescas  de moradores famosos, endereços de celebridades, detalhes e curiosidades, dicas preciosas, que fazem desse guia uma unanimidade, um parceiro indispensável. O meu já está bem velhinho, as páginas querendo se soltar, mas eu não desisto dele e me recuso a viajar sem levá-lo, mesmo depois de ter ido tantas vezes à cidade.

1a. edição do guia escrito por Kátia Zero
Passamos 3 dias batendo perna. Sempre que Cristiane, Salário, Wilson e André tinham alguma dúvida, eu dizia: deixe-me consultar Kátia Zero! Eu tratava o guia como se fosse a própria autora ali, na minha mão. Eles já estavam cansados de me ouvirem falar em Kátia Zero, coitados. Eu falava o nome da jornalista umas dez vezes ao dia. Era um saco, mesmo! Um fim de tarde, fomos à casa do meu amigo Chaim Litewski, comer uma pizza com ele, Ângela e as crianças.  Chaim e Ângela moravam na deliciosa Roosevelt Island, uma pequeníssima ilha em frente a Manhattan, onde se pode chegar de metrô ou tram – um teleférico que atravessa o East River e conecta as duas ilhas – um jeito muito pitoresco de chegar lá. O tram tem as paredes transparentes e o trajeto dura uns 15 minutos. A vista que se tem lá de cima é das mais bonitas! As crianças adoram! O tram, eu descobri graças a Kátia Zero!
Roosevelt Island vista de Manhattan
o teleférico, que se pega na 2a. Avenida com a Rua 60
a vista que se tem a partir do tram
a linda Roosevelt Island
vista de Manhattan
Kátia Zero
Pois bem, pegamos o tram, descemos em Roosevelt Island caminhamos um pouco e, quando íamos chegando ao prédio de Chaim, quem a gente encontra?! Sim...ela, mesmo, Kátia Zero! Em carne e osso! Ela estava saindo de outro prédio, com umas sacolas na mão. Não sei se ela também mora ali. Pode ser. A ilha abriga muitos jornalistas estrangeiros, pessoal que trabalha na ONU, como é o caso de Chaim, funcionários das embaixadas. Era uma possibilidade. Só sei que fique em choque. Minha “ídola” ali, na minha frente!!! Olhei para o guia em minhas mãos, tão velhinho, tão usado... olhei para ela... Mas, não tive coragem de tirar o seu sossego. Deixei que ela fosse sem saber que eu existo. Apenas, rimos muito com a coincidência. Kátia Zero vai continuar sendo meu guia – de papel. Afinal, como diz Caetano, “de perto, ninguém é normal”.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Barcelona


Barcelona sob o sol
Amanhecemos numa Barcelona ensolarada e quente, com jeito de festa, de férias. Os metaleiros foram para um lado e eu fui para outro. Estava morrendo de sono, mas não me dei ao de dormir. Só passei no albergue para deixar as minhas coisas e saí correndo. Precisava aproveitar o dia. Só teria 5 dias na cidade - muito pouco, no meu ponto de vista. Mas, que fazer? Minhas férias estavam acabando e eu ainda tinha Madri pela frente. 

Sem tempo para lamentações, tratei de aproveitar o pouco tempo que tinha. Com um mapa na mão e uma disposição mais ou menos, por causa da noite mal dormida, deixei o albergue prometendo a mim mesma só voltar à noite, para dormir. 

Passei o dia me deliciando com o colorido, a forma, o gosto, o ritmo e o cheiro da cidade. O sentimento de felicidade era incrível. A vontade de dividir aquilo com alguém, enorme. Mas, as minha amigas já não estavam mais comigo. Então, falava sozinha – o que, imagino, fez muita gente pensar que eu era mais uma maluca solta por aí. Mas, nessa viagem, descobri que era possível ser feliz viajando sozinha. As vantagens eram muitas: acordar a hora que desse vontade, não precisar conversar para escolher entre um parque e um museu. Eu, simplesmente, ia....e ninguém discutia. 

Plaza de Toros - onde aconteceria o show do ACDC
La Pedrera

Sagrada Família
Caminhei por Barcelona sem destino. Passei horas vagando pelo Bairro Gótico, sem medo de me perder. Babei diante das igrejas e dos monumentos espalhados pela cidade, me emocionei no museu de Picasso e a sua fase azul, desejei viver no Parque Guel, ser uma vendedora no mercado, e morar de frente para a Casa Milà (ou La Pedrera, como queiram). Acordava cedo, caminhava muito, 6, 7 horas seguidas, embevecida com tudo o que via. Ia dormir cansada e feliz. Às vezes, era tanta beleza que o meu coração queria explodir! Quando parava em algum lugar, só conseguia pensar no privilégio que é poder viajar, vislumbrar outras realidades, decifrar outros códigos. Depois de uma viagem, ninguém mais é o mesmo. Geralmente, muda-se para melhor. Mudam os conceitos, perde-se os preconceitos, a vida ganha uma nova leitura. Pelo menos, comigo tem sido assim. Viajar é um bálsamo transformador. Todos merecem e precisam fazer uma bela viagem, pelo menos uma vez na vida. Uma viagem que aqueça a alma e acalente o coração. Uma viagem para nunca mais esquecer!